quinta-feira, março 30, 2006

Interrupção Voluntária da Gravidez em Portugal


É incrível este país tacanho...como é que a situação do aborto ainda é esta?
Numa Europa do século XXI Portugal é um país onde ainda há perseguições penais contra as mulheres que recorrem à Interrupção Voluntária da Gravidez. Esta questão coloca um problema dramático e angustiante para muitas mulheres. Esta questão mexe com a liberdade de opção individual de cada um, ou seja nas sociedades supostamente livres quem necessita de recorrer a uma IVG recorre, quem não quer recorrer não recorre, aparentemente simples não? Mas não!! Os pseudo srs. moralistas acham que podem decidir pelos outros! Nenhuma mulher abre as pernas assim tão levianamente para fazer um aborto, é algo penoso e díficil, e nas condições em que é praticado neste país, há graves riscos para a sua saúde física e psíquica, e mesmo para a vida da mulher.
E quererem referendar esta decisão? Esta decisão que mexe com questões do foro íntimo e com a liberdade individual da mulher. A assembleia da república eleita pelo povo tem capacidade e legitimidade para alterar e alargar a lei mas é é preferível o julgamento moral às mulheres.
O aborto em Portugal é apenas possível quando a gravidez representa risco para a vida da mulher ou para a sua saúde; no caso de malformação fetal ou quando a gravidez resulta de violação. Mas mesmo nesses casos raros, nem sempre há a possibilidade de recorrer ao aborto porque, em alguns casos, os hospitais ou os médicos recusam prestar ajuda a mulheres nestas condições. As principais razões pelas quais as mulheres recorrem ao aborto, ou seja, razões sociais, económicas e psicológicas são excluidas segundo a lei portuguesa.
A legislação portuguesa prevê a educação sexual, no entanto verifica-se que a mesma é uma prática inexistente nas escolas portuguesas. A gravidez na adolescência assume no nosso país os valores mais altos da Europa (25 em 1000 adolescentes). Em Portugal são feitos em média 20.000 abortos clandestinos por ano, cerca de 5000 mulheres (sinalizadas) são atendidas em hospitais, em resultado das complicações de abortos clandestinos e nos últimos 10 anos morreram 100 mulheres desnecessariamente (dados do ME e APF).
Polónia, Malta, Irlanda e Portugal são os países que tem as leis mais restritas em relação ao aborto. Mas é Portugal que leva aos tribunais: médicos,enfermeiros e mulheres que tenham recorrido ao aborto (penas até 3 anos de prisão).
Em Junho de 2002 o Parlamento Europeu adaptou o relatório "Lancker" que aconselhava a tornar o aborto legal, seguro e acessível apelando para que os países não perseguissem as mulheres que tivesse recorrido a um aborto ilegal, o mesmo conselho é dado pela OMS. Mas Portugal não vai lá com conselhos, irá lá com o quê?

O meu amigo Brunão diz uma frase sublime que vou transcrever:
"Tirem os vossos Rosários dos nossos Ovários
"

2 comentários:

Anónimo disse...

Ah pois é...
É a tal coisa que ainda há poucos dias falámos as duas minha querida...
Oki, tenho algs identificações à direita... Tenho e assumo-as, mas há coisas que passam por cima das mesmas, e esta é uma delas!
Revolta-me que uma mulher não possa ter a opção de querer ou não ter um filho... Somos nós que temos que decidir... não o estado, ou qq outra pessoa!
Nós podemos fazê-lo na mesma é certo... mas e os riscos? Não seria bem melhor se pudéssemos ter esta opção e poder fazer um aborto num local em condições, com os devidos apoios médicos? Pois... há quem ache que não! Um bando de hipócritas!
No entanto, sem duvida alguma, para mim a maior aposta terá que ser na prevenção... Educação sexual desde cedo... com inteligência, coerência e por quem percebe do assunto, sem duvida, para um bom inicio...

Não pude deixar de comentar este texto...

Beijo grande!

Vanessa

Anónimo disse...

Martita... concordo a 100%!
Nós sabemos do que falamos, pois lidamos com crianças que são fruto de familias carenciadas, sem qq apoio, deixadas praticamente ao abandono, muitas vezes completamente negligenciadas e mal-tratadas pelos pais...
Para quê trazer alg ao mundo para sofrer? Que amor e que condições tem estes pais para educar alg??? Nenhum... Nada!
E quem sofre? São eles? É o estado que dita as leis??? Não?
São as "nossas" crianças!!!

Só que ninguém é capaz de ver este ciclo vicioso... sim... pq sem duvida é um ciclo, que não acabará até que se tomem as devidas atitudes!

Ai... calem-me senão nunca mais saio daqui... LOL

Beijos
Vanessa