2 anos...

Foi há dois anos que deixei a casa onde cresci.... foi bom, é bom... mas hoje não me apetece fazer o jantar.... e adoro cozinhar!

No entanto.... apesar do cansanço das habituais rotinas domésticas.... adoro chegar à nossa casa todos os dias!!!

Para cinzento basta o dia...

Para Ti!

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

Sophia de Mello Breyner Andresen

Diárias

Trânsito, caos, pessoas dentro de caixas andantes que criaram à nossa imagem intra-uterina...

Ali vamos enfiados no nosso mundo, à minima coisa salta-nos a tampa mas ninguém nos ouve, o pior é se buzinarmos ou fizermos um gesto feio... que dia desesperante, tanta lata andante por todo o lado, o desejo de parar com tudo e voar para longe....

Baldei-me à Pós-graduação e acho que fiz bem, não tenho remorsos, depois de Almada, Seixal e Moita e algumas horas de bicha decidi não ir ainda para Lisboa. Vim para casa, dancei sózinha na sala e cantei num grande desafinanço, depois cozinhei uma data de coisas ao mesmo tempo, e ainda tenho a sopa ao lume se me distraio.... ai se me distraio.....

Fiz caldeirada de bacalhau, juntei ervilhas e cogumelos à carne que sobrou há dois dias e fiz sopa, ao som da música cubana que me ajuda a recordar a terra mágica... agora Cat Power, aviões pequenitos no ar e um grande cansanço. Apetece-me tanto levitar!

Fiquei nas nuvens....

"Sonhei que a professora estava a andar nas nuvens e tinha uma estrela na cabeça."

Intimidades

Adoro chegar a casa, tomar o duche quente, vestir o pijama e saber que não vou voltar a sair... adoro ouvir a minha música e durante umas horas não articular palavra... cozinhar com a música a ecoar pela casa, os aromas do banho recente, do insenso, da comida, fazem-me sentir tranquila. Agora sei que é bom estarmos a sós com nós mesmos e agora conheço essa palavra tão boa que é intimidade.

Depois ele chega com o seu ar de sonhador e partilhamos uma intimidade a dois, doce, aninhada e tão própria, tão maravilhosa... ando feliz e a olhar para as coisas boas. É bom!!!

Greve

Amanhã faço a minha 1 ª greve, e estarei em luta contra os vinculos precários de trabalho dos psicólogos e contra as injustiças que temos sido alvo em Portugal.

ASSUNTO: - Aviso Prévio de Greve

O Sindicato Nacional dos Psicólogos vem, nos termos e para os efeitos do disposto nos artºs 591 a 606 do Código do Trabalho, comunicar a V. Exa. que os trabalhadores Psicólogos a laborar em Instituições Públicas ou Privadas, independentemente do seu vínculo laboral, irão exercer o direito à greve das 00H00 do dia 9 de Novembro às 24H00 do dia 10 do mês de Novembro de 2006, tendo em vista os seguintes objectivos:

- Pelo Direito a leccionar Psicologia no Ensino secundário;
- Pela Abertura de Concursos Públicos para os Serviços de Psicologia e Orientação nas Escolas;
- Pela Abertura de Concursos Públicos para Psicólogos nos Serviços de Saúde;
- Pelo Direito ao Emprego;
- Pela Contratação Colectiva;
- Por Salários Dignos;
- Pela Defesa da Segurança Social;
- Pela Defesa dos nossos Direitos.

Fonte: SNP

Maravilhoso

E foi... maravilhos, intimista, sedutor, cantou sentimentos e como sempre fez-me voar e acreditar na perfeição. Mas desta vez não o ouvi na sala grande da casa dos meus pais, na minha casa, no meu mp3 a caminho do trabalho.... foi ao vivo e consegui ver o seu sorriso muitas vezes. Queria mais!!!

Obrigada Chico!

Ai Amanhã...

Amanhã vou vê-lo... um dos sonhos de menina vai-se concretizar! Só acredito quando o vir entrar em palco!

A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos