
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
3 comentários:
Há poemas que descrevem exactamente as nossas representações e de uma forma tão aproximada. É uma bela representação de como sentes aquela mulher que já partiu mas que para sempre ficou no teu coração.
.......
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Aproveita todas as estradas da blogosfera para contribuir para as necessárias transformações sociais.
Desde já tens um leitor assíduo.
Xico
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