Rotinas II

Cá estamos, sexta feira, um dia muito feliz e de certa forma consolador, esta semana foi dificil e até Agosto não vai ser fácil, em Setembro é que devia ser ano novo, é quando tento sempre mudar as coisas e tento seguir um novo rumo, sempre depois da Festa... Não sei como vou aguentar estas horas em frente a um computador, há quem aguente isto mais de 30 anos, fazer algo que não gosta, ontem encontrei um amigo que me disse: "Não te esqueças que há os doentes que só pensam em trabalho e não vivem para mais nada, tu ao menos consegues fazer coisas que te dão prazer. Tens que arranjar essas formas de sobrevivência."

Este conselho é muito equlibrado e realmente também trabalho em Psicologia, mas para fazer o que me dá prazer tenho que me triplicar quase em trabalho e não me importo, a maior vantagem é o prazer porque em termos de dinheiro tenho que me sujeitar mesmo a um trabalho monótono e repetitivo e a Psicologia dá uma ajudinha mas seria impossível suportar todas obrigações financeiras.

Como aguentam as pessoas? Tem que ser... tem que ser...bolas porquê? Não podiam haver caminhos mais fáceis? São 8 horas, passam umas vezes mais rápido outras vezes mais lentamente, mas quando apanho o comboio e chego à outra margem desligo automaticamente desta realidade e entro na minha vida e consigo ser feliz, apesar do cansanço, saber que posso dar uma mão aos outros, que há gente que confia em mim à minha espera, receptiva ao meu apoio é gratificante e bom a dobrar ou a triplicar.

Saio da empresa entre as 18h e as 18h30, e depois vou trabalhar na minha área, há dias em que vou dar um beijo aos meus pais, outros que vou dar pulos ao ginásio, compro o pão, falo com as pessoas, organizo as lides domésticas, recebo o meu amor, na nossa casinha mágica e apago a rotina das 8 horas... e isso é um privilégio. Mas quando estou aqui custa tanto!

Foto: Jan Saudek