sexta-feira, abril 28, 2006

Coisas que ficam

Há 10 anos pensávamos no nosso futuro como algo longíquo e quase irreal, a nossa realidade presente ditava todas as regras, tinhamos uma sede de viver tão grande, as coisas tinham que ser vividas naquele instante, naquele minuto, no imediato, como se a vida e o mundo pudessem acabar a qualquer instante ou segundo... pensava sobretudo que podia ajudar a mudar a sociedade e viver a minha vida de acordo com quase todos os padrões que idealizava.

Eis-nos quase nos 30, continuamos idealistas, porque os sonhos, as utopias e os sonhos não devem morrer assim, há quem os apague ou enterre mas nós felizmente não. Temos uma vidas giras, alguns têm trabalhos mais chatos que outros mas todos se queixam, aliás a queixa e a reivindicação sempre nos caracterizou, percebemos finalmente que há coisas que podem esperar mais um bocadinho, sabemos que não podemos afinal viver as nossas vidas assentes em todos os padrões que idealizámos mas conseguimos agarrar alguns, temos valores de esperança, amizade, companheirismo, amor e afecto, às vezes também somos mesquinhos e temos defeitos humanóides mas os valores mais bonitos conseguem sobrepor-se.
Temos que viver num certo conformismo inerente à sobrevivência social manipulada mas em mim ainda tenho o incoformismo que me diz que há outros caminhos que embora dificeis podem ser ainda percorridos.


Foto- Olhares.com

3 comentários:

Anónimo disse...

Coisas que ficam...nós!
A familia que criámos, pela qual nos apaixonámos, sem a qual n faziamos sentido.
Somos o reflexo dos nossos sonhos e dos nossos valores e encontrámos uns nos outros a essencia da luta por estes que nos une, e que nos permite continuar.Que nos permite sermos loucos e saudaveis.
Somos o reflexo uns dos outros... e somos lindos, digam o que disserem.

Anónimo disse...

Vou mudar para plural :"... ainda temos o incoformismo que nos diz que há outros caminhos que embora dificeis podem ser ainda percorridos."
Somos assim....e por isso somos amigos!
Obrigado Leonorzita!
:)

Anónimo disse...

mais do que coisas que ficam (que são certamente deliciosas e saudosas) há o que vai sendo, o que vamos construindo. Uns mais próximos ou mais diáriamente, outros mais longe ou distante (sim, são duas coisas diferentes), mas todos com "coisas" iguais: as tais "coisas que ficam". E sim, Ana, somos reflexo uns dos outros, até porque nos conhecemos tão bem que muitas vezes (quase sempre) adivinhamos o que o outro precisa de ouvir, de sentir, que sem nos apercebermos, nos transformamos, qual passo de mágica, nisso mesmo: naquilo que o outro precisa que sejamos. Mas além de reflexo uns dos outros, tb somos reflexão. Reflexão própria (é raro mas acontece, sobretudo à noite) e reflexão dos outros e de nós enquanto colectivo, grupo, ou o que quisermos-lhe chamar. Ah e para acabar em beleza, ontem fui pai! não de uma Joana Margarida, mas de uma Micha. Uma linda gata siamesa! Beijos.