São uns cientistas pedantes sem senso de humor que corrigem erros gramaticais em cartas de amor
sexta-feira, maio 05, 2006
Diferenças de género
Há uns anos atrás achava que não se deviam alimentar conversas sobre diferenças entre homens e mulheres, achava que tínhamos todos a mesma capacidade e que o resto eram diferenças culturais e machistas.
Com o passar do tempo reformulei alguns raciocínios, continuo a lutar por uma sociedade igualitária, porque a sociedade ainda é fortemente machista e o papel da mulher ainda é discriminado por diversas razões, no entanto há algumas diferenças em nós para além das culturais.
Os homens são mais altos e musculados, algo que também acontece com os outros mamíferos, dimorfismo sexual que é uma evidência indiscutível da selecção natural resultante da competição milenar entre os machos pela posse das fêmeas, sempre interessadas no acasalamento com os mais poderosos, capazes de proteger suas proles.
Nos últimos 50 anos, a neurociência tem demonstrado que o dimorfismo na espécie humana não se restringe à aparência física, mas que está também presente na configuração do cérebro.
Em geral o cérebro masculino é cerca de 9% maior do que o feminino, graças às dimensões da substância branca, uma vez que a quantidade de massa cinzenta (associada às funções cognitivas superiores) é semelhante em ambos os sexos. No entanto, o corpo caloso, estrutura que estabelece a conexão entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, é proporcionalmente mais desenvolvido nas mulheres.
Até hoje nenhum estudo científico conseguiu demonstrar superioridade dos quocientes médios de inteligência em qualquer dos sexos. Portanto o facto de os senhores terem o cérebro um pouco maior que as senhoras em nada tem a ver com maior capacidade de inteligência.
Estas informações explicam porque demonstram eles mais habilidade na realização de tarefas restritas a um único hemisfério cerebral, como interpretar mapas geográficos, encontrar saídas em labirintos, lidar com máquinas, ao passo que nós temos maior capacidade ou facilidade nas actividades que beneficiam das conexões entre os dois lados do cérebro: interpretação de emoções alheias, sensibilidade social, fluência verbal.
Enquanto as áreas cerebrais controladoras da linguagem masculina estão limitadas ao hemisfério cerebral esquerdo, a mulher utiliza os dois hemisférios ao falar. Graças a essa versatilidade, as meninas começam a falar mais e têm resultados mais significativos nas actividades escolares que privilegiam a linguagem. Comparadas com os meninos, elas nascem com uma diferença de maturação cerebral de quatro semanas que se mantém até à idade escolar.
O mecanismo responsável por essas diferenças está relacionado com a exposição do sistema nervoso à acção da testosterona produzida pelos testículos durante a vida embrionária e neonatal. No caso de raparigas que nascem com hiperplasia adrenal congênita, condição genética em que ocorre aumento de produção de testosterona, são exibidos comportamento mais semelhantes ao dos meninos.
O dimorfismo cerebral explica porque as mulheres tantas vezes surpreendem os homens ao interpretar atitudes e prever intenções alheias e a habilidade demonstrada por elas na execução de tarefas simultâneas como dar banho aos filhos, falar ao telefone, avisar que a campainha está a tocar e pedir para desligar o forno, enquanto um homem na sala, assiste ao futebol e perde a concentração quando entra uma mulher para perguntar quem vai encomendar o jantar.
Hoje em dia participo activamente nas discussões sobre a diferença do género e acho que há diferenças consideráveis. Ser gaja é maravilhoso mas às vezes é bastante complicado, a versatilidade é uma coisa incrível, muitas de nós conseguem trabalhar, tratar da casa, cozinhar, pagar as contas, ir ao banco, ir às compras, tratar dos filhos, marcar as consultas, dar assistência à família, organizar encontros sócio-familiares, participar em actividades de tempo livres, lembrarmo-nos de uma lista infindável de aniversários e acontecimentos etc…
Obviamente a marca sócio-cultural é enorme e há uma certa desresponsabilização por parte dos homens. Mas é curioso notar que eles têm de facto algumas dificuldades, quando vão para trabalho pensam nas tarefas a realizar nos momentos específicos, esquecem-se muitas vezes das responsabilidades não frequentes e diárias, têm dificuldade em concentrar-se em mais de uma actividade.
Ver televisão e descascar batatas? Ver bola e beber uma bejeca talvez! Trabalhar no computador e manter uma conversação normal com alguém? Almoçar e ler um livro ou um documento ao mesmo tempo? Passar a ferro ou estender a roupa e falar ao telefone em simultâneo? Ler uma receita e mexer o refogado e a sopa? Conduzir e no sinal vermelho aplicar um creme ou sacar um pelito com a pinça? No mesmo dia, trabalhar, ter uma consulta, ir buscar o filho à escola, fazer compras no supermercado, praticar desporto, arrumar a casa, fazer o jantar?
Há dias em que paro e penso como é possível funcionar a este ritmo? E ainda não tenho filhos! Somos incríveis!
Foto: Jan Saudek
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3 comentários:
Somos mesmo...
Fazemos tudo com um sorriso na cara (pelo menos fazemos um esforço), temos tempo para quase tudo... e como dizem...isto tudo apenas com duas mãos.
Somos as MAIORES!!!
Solana
Somos mesmo incriveis, fabulosas e fazemos magia!
As vezes também não acredito como as gajas conseguem. Acho que prefiro a descontracção masculina.
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