sexta-feira, maio 19, 2006

Realidade Paralela

Estou a dançar num pinhal com cheiro a mar
além das paredes da prisão
o tempo não passa devagar
e há sonhos doces sem ilusão

eheheh

De facto não é verdade mas gosto de entrar em realidades paralelas...

Hoje sexta feira o melhor dia da semana para mim, saio às 16h30 para a pós-graduação, agora aos sábados tenho tb o pesadelo de acordar às 8h da matina para ir estudar a educação sexual mas vale a pena...

Hoje estou satisfeita, estou um bocadinho melhor da constipo-amigdalite e ontem tive privilégio de ouvir uma chilena a ler Pablo Neruda na minha casa, fiquei bastante emocionada...

Ao sol PURO eu escrevo, em plena rua,
em pleno mar, onde posso canto,
somente a noite nómada me detém
mas na sua interrupção ganho espaço,
ganho sombra para muito tempo

O trigo negro da noite cresce
enquanto meus olhos medem a pradaria
e assim de sol a sol faço as chaves:
procuro na obscuridade das fechaduras
e vou abrindo ao mar as portas
rota até encher armários com espuma.

E não me canso de ir e de voltar;
não me pára a morte com sua pedra,
não me canso de ser e de não ser.

Às vezes eu pergunto-me se de onde
se do pai ou da mãe ou montanha
herdei os deveres minerais,

as linhas do oceano inflamadas
e sei que sigo e sigo porque sigo
e canto porque canto e porque canto.

Não tem explicação o que acontece
quando fecho os olhos e circulo
como entre dois canais submarinos,
um a morrer me leva na sua corrente
e o outro canta para que eu cante.

Assim pois de não ser estou composto
e como o mar assalta o recife
com cápsulas salgadas de brancura
e retrata a pedra com a onda,
assim o que na morte me rodeia
abre em mim a janela da vida
e em pleno paroxismo estou dormindo.
Em plena luz caminho pela sombra.

Plenos Poderes de Pablo Neruda

1 comentário:

Anónimo disse...

A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem

Neruda